A afantasia, por ser uma condição relativamente nova e pouco conhecida, é cercada por mitos e mal-entendidos. Muitas pessoas que não possuem afantasia, ou mesmo aquelas que descobrem que a têm, podem se deparar com informações equivocadas. Vamos esclarecer alguns dos principais mitos sobre a afantasia e apresentar a realidade por trás deles.
1. Mito: Quem tem afantasia não consegue sonhar
- Realidade: As pessoas com afantasia podem sonhar, mas, geralmente, seus sonhos não incluem imagens visuais. Muitas vezes, os sonhos podem ser mais baseados em sensações, emoções ou diálogos. Alguns relatam sonhos com flashes visuais, enquanto outros têm sonhos sem imagens. Sonhar é um processo complexo que envolve diferentes áreas do cérebro, e a afantasia afeta apenas a capacidade consciente de visualizar.
2. Mito: Afantasia é uma condição rara
- Realidade: Embora tenha sido descrita oficialmente em estudos científicos há pouco tempo, pesquisas sugerem que até 2-3% da população tem afantasia. Isso significa que não é tão rara quanto se imaginava inicialmente, apenas que muitas pessoas podem não perceber que a têm ou simplesmente acham que seu modo de pensar é “normal” até descobrirem o conceito de afantasia.
3. Mito: Quem tem afantasia não consegue ser criativo
- Realidade: A criatividade não depende exclusivamente da visualização mental. Pessoas com afantasia podem ser extremamente criativas e trabalhar em áreas como arte, música, ciência e literatura. Criatividade envolve várias habilidades, como resolução de problemas, inovação, pensamento abstrato e uso de diferentes formas de representação mental. Existem até artistas com afantasia que usam métodos não visuais para expressar sua criatividade.
4. Mito: Afantasia afeta apenas a visualização mental
- Realidade: A afantasia não se limita apenas à falta de imagens mentais. Para algumas pessoas, pode afetar também a capacidade de imaginar sons, cheiros ou outras sensações. A condição pode variar de pessoa para pessoa — enquanto algumas têm dificuldades apenas com imagens visuais, outras podem ter uma forma mais ampla de afantasia que envolve diferentes tipos de imaginação sensorial.
5. Mito: Quem tem afantasia não pode lembrar do passado
- Realidade: Pessoas com afantasia podem se lembrar do passado, mas fazem isso de uma forma diferente. Em vez de ver imagens vívidas dos acontecimentos, elas podem se lembrar dos fatos, emoções ou detalhes específicos sem associá-los a imagens mentais. Embora a memória visual possa ser mais fraca, isso não significa que elas tenham uma memória ruim.
6. Mito: Afantasia prejudica o desempenho acadêmico ou profissional
- Realidade: Não há evidências de que afantasia afete diretamente o desempenho acadêmico ou profissional. Muitas pessoas com afantasia desenvolvem outras maneiras eficazes de pensar, processar informações e resolver problemas. Por exemplo, alguém com afantasia pode usar descrições verbais ou escrever ideias em vez de depender de imagens mentais. Pessoas com afantasia têm carreiras de sucesso em diversas áreas.
7. Mito: Afantasia é uma deficiência ou doença
- Realidade: Afantasia não é considerada uma deficiência ou doença, mas sim uma variação na maneira como o cérebro processa a imaginação. Pessoas com afantasia podem ter vidas normais e plenas, sem que a falta de imagens mentais tenha um impacto significativo em sua qualidade de vida. É simplesmente uma maneira diferente de experimentar o mundo mental.
8. Mito: Afantasia impede a visualização de rostos
- Realidade: Pessoas com afantasia podem não visualizar rostos mentalmente, mas isso não significa que tenham dificuldade em reconhecer ou lembrar de rostos. A capacidade de reconhecer alguém está relacionada a outros processos cerebrais, como a percepção facial, que geralmente não é afetada pela afantasia.
Desmistificar a afantasia é um passo importante para promover a compreensão e aceitação dessa condição. Assim como outras diferenças na maneira como as pessoas pensam e experimentam o mundo, a afantasia é apenas uma variação da experiência humana — nem melhor, nem pior, apenas diferente. Ao derrubar esses mitos, podemos promover uma visão mais precisa e respeitosa das pessoas que vivem com afantasia.